Um rascunho de pessoa meramente desenhado para estar penetrando em um mundo onde os traços estão mais sofisticados e a caneta mágica do criador não dá justificativa alguma as suas ações transformando assim tudo o que existe em um conflito entre razão e emoção.
Nunca soube a exata medida de nada. Amou ao relento, tentou, tentou e nada encontrou ao fim de uma busca incessante vagamente pontuada de vazio e geralmente vazia de significado.
Olhava para seu relógio de pulso e a cada minuto que se passava só conseguia aumentar ainda mais o seu desespero mediante a espera da tão aguardada amada que, no entanto, não se importava com ele ou importava-se muito mais consigo mesma; na pior das hipóteses a chuva havia atrapalhado tudo. Havia chovido realmente?!
Atrelado aos seus pensamentos, fantasiava a realidade, tentando realizar fantasias, vivia cada minuto possível em outro mundo onde só existiam ele e sua amada (as), perfazendo o impossível.
Enfim sós e juntos ao mesmo tempo, tempo este que parou de conspirar, e de repente nada mais acontece como o esperado; a temperatura esfria, cessam os assuntos, a noite passa e os momentos também, os dois com aquela cara de “Quê que eu to fazendo aqui?”, tudo misturado no sarcástico liquidificador da vida.
Ela é simpática e ele um chato, ela é linda e ele de uma beleza mediana, ela está em uma situação pouco favorável (reflexo dos tempos) assim como ele, porém ele dá vazão aos seus excessos em meio a um mar de vicissitudes, ela se encontra enquanto ele se perde, loucura e sanidade, duas faces de uma mesma moeda jogada ao alto e caída em uma fonte apenas à espera do desejo realizado.
Despedem-se com um beijo sem graça, meramente encenado e que perde em conteúdo para muitos outros da ficção, com a impressão de terem sido, naquele dia, apenas dois míseros atores em um palco que abriga bilhões de desesperados. Ele então vai em direção a outro alvo, ou seria ele o alvo indo em direção a uma flecha (?), não importa.
Depois da morena, enfim a ruiva e como no mundo das finanças sua situação ficaria como o cabelo dela, no vermelho. Acompanhou-a até sabe Deus onde, na certa seria a sua casa e mal ele virou a esquina e já estava ela dando a volta pela outra esquina e retomando o seu caminho de volta ao lugar onde se sentia bem; enquanto ele dormia, ela transava, na verdade a insônia não o deixava dormir e ela tendo orgasmos múltiplos realizava os seus mais devassos desejos envolvida em um louco frenesi.
Decidiu se levantar, dirigiu-se a seu carro e saiu a vagar pela cidade, mal dirigiu por uns poucos quarteirões e viu duas das mulheres que ele mais havia desejado, beijando-se loucamente de um jeito que ele não via há algum tempo. Tentou um gracejo mas foi fortemente repelido verbalmente, falando o português claro, foi xingado e escorraçado. Esta foi a primeira decepção da noite, logo após seria a próxima, não tão longe dali mas com um defeito devastador.
Parado em uma esquina estava ele a inventar histórias para um amigo e do jeito que falava parecia ter comprado um livro ilustrado do kama sutra e praticado todas as posições possíveis com a sua “vítima”, não existiam vítimas entretanto se existisse ele seria o que mais perto se aproximaria de uma vítima.
Estava ele a papear, esbanjando-se com a corruptela dos fatos e falando de tudo que haviam feito na casa dela, ele e a garota dos cabelos vermelhos, quando ela subitamente aparece e se isso já não bastasse, ela aparece acompanhada de dois outros sujeitos mal encarados, um deles abraçado a ela, esfregando-se e apertando-a, beijando-a e passando a mão pelos mais diversos lugares possíveis.
Uma cara de tacho misturada com a cara do mais idiota dos idiotas de todos os tempos e um pouco de sentimento de cornice, mais idealizado do que real e uma futura certeza de ser zombado eternamente. Conseguiu passar do estado de agraciamento e de pompa e se tornou uma figura triste e apagada em apenas um segundo.
Pensou que se existisse um deus, esse deus não deveria gostar muito dele, mas o que realmente acontecia era a sua grande falta de tato aliada a uma fase ruim, neste momento ele jogou tudo ao alto e convidou o seu amigo para ir a um puteiro e citou um velho dito popular: “ Já que estamos no inferno vamos logo abraçar o diabo.”
Antes disso passaram em uma praça e deram de cara com um lugar vazio habitado por umas poucas pessoas, típicos seres da noite, e foram conversar com uma loira, “gostosona”, cheia de curvas por sinal, objeto de desejo de noventa e nove por cento dos homens, muita gostosura e pouco cérebro, como muitos diriam (pensamento machista?), ideal para um fim de noite.
Ele conseguiu chegar ao limiar da chatice e aborrecimento, parecia que havia treinado para fazer aquilo e depois de uma meia hora a moça disse que só queria “ficar” com o amigo dele e pediu uma carona que ele certamente recusou, apesar de tudo ela ficou com pena dele e apresentou-lhe uma amiga, não tão bonita quanto ela contudo aquela situação caminhava para a típica: “ Já que é fim de noite, não tem anda pra fazer... se não tem tu vai tu mesmo.”. O fim de noite reforçava a parcial beleza feminina incrustada naquele corpinho nefasto.
Passada duas decepções, tudo agora parecia caminhar para algo mais tranqüilo. Mal sabia ele que não. A mulher do momento tinha um sexto sentido mais aguçado, notou que o trouxa, depois de uma noite de imprevistos e agora em uma companhia feminina agradável não achava isto o bastante e resolveu dispensa-lo. “ Na certa uma zona é mais importante que eu.” Ainda ganhou um beijo de despedida, até mais acalorado do que ele merecia e depois do um forte abraço saiu em disparada cantando pneus e com o som do carro nas alturas.
Parou em uma loja de conveniência e comprou algumas cervejas, se ele fosse fumante estaria fumando naquele momento para afastar ou disfarçar o nervosismo.
Ligou para um amigo e escutou o seguinte. “O celular chamado está desligado ou fora da área de operação, no momento não pode atender a esta ligação, sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagens e estará sujeita a cobrança após o sinal.” Tentou outro amigo e desta vez deu certo, estava mesmo decidido a ir a um puteiro. Eram duas da manhã.
O destino poderia escrever certo por linhas erradas se ele realmente existisse, querendo dizer tudo e nada ao mesmo tempo; antítese, ambigüidade cercada de falsa modéstia e constante desilusão.
Mais cedo naquele dia havia conversado, via internet, usando um programa de mensagens instantâneas com uma antiga namorada, mulata, dona de um corpo escultural, desejada por quase todos (as) que a conheciam, mas que ele havia abandonado depois de apenas dois meses de namoro. Ela era louca por ele, entretanto ele não sentia mais nada por ela e ao invés disso agora se dedicava a uma vida de vadiagem e arruaça, procurando conforto em sensações passageiras e mulheres mais passageiras ainda e quando tentava aproximar-se de mulheres que pudessem se envolver em um relacionamento sério nada acontecia. Mesmo assim para não perder a pose naquele dia a havia desprezado mais uma vez e quase chegava a arrepender-se no momento.
Conversou com o amigo e combinaram de ir a um bordel novo que começava a fazer muito sucesso e que inclusive souberam por amigos que haviam chegado muitas mulheres novas, até mesmo uma oriental. Sem mais delongas foram para lá.
Antes de sair da cidade viu de relance a sua ex namorada acompanhada de um sujeito que ele odiava e que por sinal haviam brigado algumas vezes. Duas decepções e meia e contando.
Duas e quinze, duas e vinte, duas e vinte e cinco, duas e trinta e sete, quinze para as três, quatro para as três, três em ponto.
Lá chegando foram recebidos por lindas mulheres, umas muito lindas, outras nem tão lindas e algumas até feias (por que não?) e seus costumeiros pedidos de doses e driblaram elas o quanto puderam com certo jogo de cintura e um jeito de ser maroto; começaram então a curtir o mundo da devassidão.
Recebeu uma ligação de um amigo que morava em um sitio muito próximo dali e que estava com o automóvel no concerto e depois de um pouco de insistência foi convencido a ir buscá-lo.
Poucos minutos depois lá estava ele novamente, agora estavam em três amigos concubinados com as putarias da vida.
Lânguidas luzes vermelhas iluminavam o local aliadas à fumaça de insistentes cigarros e contribuíam para o clima de uma atmosfera etérea, lar de atividades cíclicas e vínculos tipicamente mercadológicos raras vezes quebrados por cidadãos lascivos e acometidos de compaixão pela situação feminina mas que nem por isso as faziam relevar o lado financeiro. A coisa mais difícil de encontrar ali era o amor, umas poucas vezes uma ínfima paixão vinha à tona.
Uma jukebox jogava ao ar a trilha sonora do prazer [mental ou físico] (Qual outro seria o motivo de estarem lá?) que muitas vezes era brega e que inundava tudo mergulhando a todos em uma perplexidade vacilante e estarrecimento irreal, mas que durava apenas um segundo e após isso tudo virava festa ainda mais quando a cerveja gelada chegava e deslizava das garrafas estupidamente geladas para os copos que entravam em contraste com as bocas de hálitos quentes gerando assim um choque térmico imperceptível e uma sensação de dejavú.
No ápice de seus vinte e dois anos morava com seus pais e não tinha pressa alguma para sair da casa deles e não é que se comportasse melhor quando eles estavam em casa, porém agora que eles haviam decidido passar um fim de semana na praia era essa a desculpa perfeita para um pouco mais de gandaia. Estava aí a deixa.
Bebia apesar de estar dirigindo e o fato de a policia nunca ter parado alguém por este motivo tranqüilizava-o um pouco mais.
Seus dois camaradas (comparsas?) haviam conversando com algumas mulheres, acertados algum detalhes e levado-as para um quarto (seria mais um típico sexo e drogas sem rock n roll!!), ele no entanto preferiu ficar apenas a tomar sua cerveja e conversar com uma garota, muito jovem por sinal, que ele nunca havia visto antes e que parecia muito ser menor de idade. Certamente não era. Este era um dos poucos motivos para se fechar uma zona.
Ao contrario de seus amigos não havia usado nenhum entorpecente e no momento em que todas as mulheres estavam ocupadas com outros clientes ele recostou-se em uma cadeira e adormeceu, deste sono veio um sonho. Sonho ou pesadelo?!
Estava dirigindo de volta para casa com os seus amigos e já era quase dia, o sol estava a ponto de nascer e inesperadamente era noite novamente e incessantemente dia e noite alternavam-se constantemente do mesmo modo como você faz quando, brincando, acende e apaga uma luz.
Olhou para o lado e viu que estava sozinho, seus companheiros haviam desaparecido e por incrível que pareça nada sentia e subitamente fixou-se o dia, cessou o estado de alternância. Era um belo dia em que os pássaros cantavam e a estrada parecia conduzir a um lugar mais belo ainda, a pista estava deserta.
Instantaneamente o seu carro estava lotado de mulheres maravilhosas e ele se aproximava de um lindo e agradável bosque, parecia que havia ganhado um prêmio de loteria. As mulheres estavam nuas e pareciam clamar por ele. Desnudaram-no e amarraram-no a uma árvore e começaram então a beijá-lo, agarra-lo e lambe-lo e ele foi ficando excitado e aquele estado durou vários minutos até que inesperadamente elas começaram a cortá-lo, tortura-lo, e ele não sentia nada, não sentia qualquer dor ou sofrimento. Elas começaram a rir e pouco a pouco foram embora e isso sim o fez sofrer, a solidão era pior do que tudo. Começou a sentir excitação novamente e logo descobriria o porquê.
Quando acordou o zíper de sua calça estava aberto e uma mulher estava lá. Não precisa ser um gênio para deduzir o que ela estava fazendo.
Pagaram a conta e pegaram a estrada, já era dia, oito horas da manhã. Preferiu entregar a direção a um de seus amigos e aproveitou para dormir um pouco mais. Um deles parou na beira da estrada, próximo ao seu sitio. O outro amigo o deixou em casa junto com o seu carro e foi embora a pé; morava muito perto dali e sendo aquela uma cidade muito pequena logo chegaria em casa.
Adormeceu no carro e por incrível que pareça acordou em pouco tempo e logo foi para a cama, mas não sem antes programar o seu telefone celular para despertar às três da tarde; tinha organizado um churrasco com alguns amigos e amigas. Também poderia vir a convidar alguns conhecidos.
Acordou alguns minutos antes do alarme soar, tomou um rápido banho, foi a uma mercearia comprar cerveja e a um açougue para comprar carne. Quando voltou muitas pessoas já se encontravam em frente a sua casa. Em pouco tempo a churrasqueira já estava em brasa e a música rolava em alto e bom som, tudo estava perfeito pois morava em um bairro novo, quase não tinha vizinhos e os poucos que moravam próximo a ele não se importavam com som alto e bagunça.
Cada vez mais chegavam pessoas novas e com elas bebidas e algo mais. Uns poucos usavam drogas (o pó branco dançava com o cartão de crédito e nuvens de fumaça povoavam o ar), porém a maioria queria mesmo era beber e procurar sexo fácil e os pensamentos pareciam entrar em sincronia. “Meninos queriam meninas e meninas queriam meninos, também havia os meninos que queriam meninos e as meninas que queriam meninas, todo mundo queria todo mundo, todos queriam tudo...”.
A festa terminou por volta das oito e meia ou nove horas e só tiveram tempo de tomar um banho e logo se deslocaram para a praça da cidade. Era domingo e no dia seguinte, segunda-feira, seria aniversário da cidade e deste modo no dia em que se encontravam haveria uma grande festa com direito a show de um grande artista, quermesse e barracas com comidas típicas da região.
Para uma pessoa ganhar outra tem que perder, a alegria de um é a tristeza do outro; mas o que acontece se alguém vive a perder e ninguém ganha com isso?
Enquanto tomava banho pensava que as únicas coisas que realmente importavam na vida das pessoas eram sexo (Todos querem sexo, não importa a orientação sexual, existem muito poucas pessoas assexuadas, se é que existem), drogas (Pois até aquelas que são lícitas como o cigarro e o álcool não deixam de ser drogas) e música (Sim, música, independente do estilo, seja ele rock, pop, sertanejo, forró, axé, hip hop, jazz, música clássica, eletrônica, rap, samba, pagode, ou seja lá qual for; uma pessoa que não goste de nenhum estilo musical só pode ser doente), três coisas que fazem a felicidade das pessoas ou pelo menos tentam dar um sentido diferente a vida.
Queria que a água lavasse mais do que o corpo, se possível também a alma. Começar tudo novamente mesmo não sabendo quando havia começado, o que havia começado ou quando tinha parado. Uma torrente de pensamentos dava vazão a uma enxurrada de idéias.
Por incrível que pareça não saiu de carro. Foi caminhando e pensando na vida, passou na casa de uma amiga que não via há algum tempo. Ela comemorava o seu aniversário de dezoito anos com a família e alguns amigos de familiares, a festa com os seus amigos ocorrera em um clube no dia anterior, a presente havia começado à tarde e no momento apenas limpavam a bagunça.
Chamou-a algumas vezes sem obter resposta. Passado alguns instantes ela surge à porta, uma garota baixinha de um rosto angelical, parecia uma fada e naquele dia estava ainda mais linda do que nunca, ficou impressionada de vê-lo depois de tanto tempo. Pediu que ele aguardasse enquanto ela se arrumava, disse que demoraria apenas alguns minutos (como todas as mulheres dizem), mas demorou pouco mais de uma hora. Enquanto ela ficava maquiando-se e procurando a roupa perfeita lá estava ele sentado em um sofá assistindo TV e morrendo de tédio. Ela apareceu abruptamente pulou em seu pescoço, deu-lhe um abraço de urso e saíram para as festividades.
Andaram abraçados, pareciam um casal de namorados mas não eram mais do que grandes amigos. Se dependesse dele até que aconteceria algo mais, porém ficou vacilante pois era o dia do aniversário dela e ele não queria causar nenhum constrangimento para ela. Era incrível como ele era corajoso para com as mulheres que só estavam a fim de farra e com as mulheres (“para casar”?) que poderia ter algo mais sério não tinha sequer atitude; o genuíno misto da coragem e covardia.
Estava agora de férias, trabalhava em uma grande indústria, havia conseguido uma promoção e se tornou chefe de um setor, o que desagradou muita gente devido a sua pouca idade e por não ter fortes vínculos, grande influência ou apadrinhamento lá dentro. Como ele conseguia algumas coisas era um grande mistério.
Aproximavam-se da praça e ela abraçou-o mais forte quando estava cruzando com um ex namorado que a havia traído e que por essa razão ela o havia dispensado há algum tempo.
Pararam em um quiosque e pegou um uísque para si próprio e uma batida de morango com champanhe para ela, sentaram em um banco e ficaram conversando por um longo período de tempo, falaram de tudo, desde banalidades até coisas sérias, de fofocas locais até o que estava acontecendo no mundo.
E eis que surgem caras conhecidas, era realmente o dia dos encontros.
Passado um ano estava ele preparado para casar. Havia conhecida a mulher da sua vida, aquela que o fez parar de querer quase tudo que fosse errado e começar a pensar em construir uma família.
Uma pessoa realmente bonita de corpo e alma, dona de uma beleza incomparável e um caráter exemplar, algo utópico.
Ela era três anos mais velha que ele, tinha vinte e cinco anos, já havia terminado a faculdade e trabalhava em um laboratório que realizava exames hospitalares. Filha de um fazendeiro de uma cidade próxima, filha do meio, xodó da família. Tinha um comportamento exemplar, nunca havia dado trabalho, sem contar este relacionamento sério só havia tido outros dois que por sinal terminaram sem problemas. Não bebia, não fumava. Praticava esportes e preferia os esportes radicais, gostava de rapel, jet ski, às vezes pedalava vários quilômetros em companhia de amigos ciclistas e inclusive já havia até realizado saltos de pára-quedas.
Nas horas vagas (que eram quase inexistentes) parava para ler um pouco e dedicava-se a seu blog sobre fotografia que era uma de suas grandes paixões.
A única coisa que os dois tinham em comum era um fanatismo exacerbado por rock n roll e música instrumental; seus maiores ídolos do mundo da música eram Joe Satriani, Steve Vai e Jimi Hendrix. Ele gostava um pouco mais de grunge e classic rock já ela curtia um som mais pesado e apreciava as canções de Zakk Wylde e Sepultura.
Por causa dela vendeu seu carro e comprou uma moto para deste modo economizar dinheiro, também pediu um terreno para seu pai e logo estava construindo uma casa. Não bebia exageradamente como antes e na maior parte do tempo livre estava na casa dela, na sua companhia e de sua família.
Seus pais estavam muito orgulhosos, pois antes dela consideram-no um caso perdido. Perdeu contato com a maioria dos amigos de farra e bebedeira.
Tudo parecia estar encaminhando-se para um futuro próspero, um engano (não, não é um ledo engano).
Na véspera de seu casamento resolveu visitar uma amiga de um sitio vizinho para contar as novidades e compartilhar as alegrias da proximidade do casamento. Já havia algum tempo que elas não conversavam e por isso tinham muito assunto para colocar em dia.
Ela chegou por volta das nove da manhã (de uma bela manhã) e quando ia embora já passava das quatro da tarde e o tempo estava fechando, o que indicava que uma forte chuva vinha pela frente [Tormenta!!].
O trajeto até foi bem até chegar perto de sua casa, mas um imprevisto ocorreu na última hora (como diríamos na linguagem futebolística, nos quarenta e cinco do segundo tempo). Uma rajada de vento empurrou de encontro a um poste o monomotor que ela pilotava quando ela aproximava-se da pista de pouso. Seus pais ainda a socorreram e chamaram o corpo de bombeiros, todavia ela não resistiu...
Neste dia ele xingou Deus e o mundo entretanto não se desesperou buscando auxílio em drogas ou calmantes. Chorou, chorou e chorou mais um pouco, ele e a família dela tentavam reconfortarem-se mutuamente, tudo em vão; nada superaria aquela perda.
Alguns dias após a tragédia largou o seu emprego, juntou uma grande quantia de dinheiro e saiu pelas estradas do mundo em companhia de sua motocicleta. Ninguém jamais voltaria a ter notícias suas.
Quase não os reconheceu, seu casal de primos que moravam em uma cidade localizada a pelo menos trezentos quilômetros de distância estavam agora ali, naquela festa.
Sua prima tinha apenas dezesseis anos e aproveitava bem a vida, não esquentava a cabeça com nada e seu primo que tinha vinte e cinco era homossexual (vivia no armário) só se revelava quando estava longe de casa pois sua família era muito conservadora, tradicional.
Também se relacionava com mulheres, mesmo não sendo bissexual, não ligava para rótulos. No momento em que chegou lá exerceu uma atração magnética sobre a amiga de seu primo e deste modo ficaram juntos naquela noite.
Ficou em companhia de sua prima que pelos motivos mais diversos estava adorando aquela situação. Há muito tempo queria ficar com ele e só faltava um motivo que agora se concretizava. Beijos acalorados rolavam e transformava a atmosfera em uma arena de amantes em constante batalha pontuada por uma lascívia nem um pouco latente.
Acontece que a concupiscência da adolescente é maior que tudo e logo ela queria “conhecer” pessoas novas e lá estava ele só novamente.
Isso não tinha a menor importância (logo seu primo estaria transando com sua amiga, sua prima com um desconhecido (os)...), pois agora, depois de dois estranhos dias, a única coisa que ele queria era sentar em um banco e tomar o seu uísque na sublime e completa solidão.
Foi a uma lanchonete e comprou uma garrafa de uísque e outra de vodca, foi a um trailer de um amigo seu pegou gelo e ofereceu um pouco de bebida a ele que recusou por estar trabalhando. Combinou que voltaria mais tarde se o gelo virasse água.
Sentou-se, foi tomando e adormecendo e despertando com um energético, tomando e adormecendo e despertando com um energético...
Viu uma moça muito linda passando sozinha de carro e futuramente se conseguisse lembrar deste fato veria que o sentiu seria fruto de um amor à segunda vista e não primeira, uma paixão arrebatadora, que só não conseguiu se eternizar pelo fato de não haver uma ressurreição para uma linda mortal, talvez a mais bela já vista por ele e desse modo não pode trazer ao mundo a prole que surgiria de uma relação de amor e redenção. Não tinha mais pensamentos, muito menos palavras.
Bebeu muito mais e dormiu em um banco de praça (um amigo pegou sua carteira mais por sacanagem do que por boa ação) e quando acordou tinha a sensação de que muita coisa viria pela frente e que viveria coisas que até Deus duvida, sorriu e ficou em um estado de completa paz e harmonia.
Lembrou-se mais uma vez do momento em que havia dormido em um banco de praça. Parecia voltar a viver aquele momento, adormecendo bêbado em um banco de praça...
domingo, 2 de agosto de 2009
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