sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Fimnocência

Sou do tempo em que as crianças aos sete anos de idade ainda eram autênticas crianças; gostávamos de completar álbuns de figurinhas, brincar com carrinhos, as meninas com as bonecas e seus forninhos. Um tempo que não foi completamente apagado porém está altamente diluído em meio a tecnologia e perversão.
Os rebentos de hoje usam um palavreado que inclui palavras tais quais uma que começa com B tem C no meio e termina com TA e não é bicicleta, outra que começa com cara e termina com alho e ainda outra que o seu som é o mesmo de símbolo do minério cobre. Só pra citar as mais comuns.
Agora grande parte dos pais não conta histórias para os filhos antes de eles irem dormir, por vários motivos, por acharem isto cafona, antiquado, por cansaços causados pela vida moderna ou não, por falta de tempo entre ouros motivos; agora este papel fica à cargo de Google, Wikipédia e às vezes Twitter.
Meninos querem cada vez mais se tornar super jogadores de futebol, astros de renome internacional e passam a infância inteira jogando bola. Meninas querem ser as próximas Top Model revelação e desfilar pelas passarelas mais badaladas do mundo, passam a infância inteira viajando.
Pais ensinam desde cedo que os seus filhos homem têm que ser ganharões (“Metedores”) e as filhas tem que ser santas (“Mulheres Direitas”) e não se tornarem biscates, se possível casarem virgens. E estas contradições se encontram na adolescência, porém não serão discutidas aqui para não fugir do assunto.
Não há mais espaços para desenhos animados em meio aos videogames com gráficos 3D de última geração, tampouco para bolinha de gude, pipa e pião.
A pornografia “come” solta; eles já querem saber o que é aquilo, pra que serve e quando vão poder fazer aquilo e esperam ansiosamente; alguns pais acham isso um absurdo, algo repugnante, outros (uma pequena parcela, acredito eu) acham até bonito estas atitudes.
Castelos de areia não são mais construídos na praia, para construção de coisas há jogos de realidade alternativa. Ninguém mais é enterrado nas areias da praia, ao invés disto corpos são enterrados em cemitérios virtuais.
Amigos reais muitas vezes são substituídos por virtuais, muitas vezes com identidades e intenções duvidosas.
Infância antes era de 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11,12, até 13 não tinham nada muito bem definido, hoje parece que tudo está confuso; adolescência 16, 15, 14, 13, 12, 11, ...1? por quê 16? Porque de 17 em diante eles já querem ser adultos para algumas coisas e adolescentes para outras querem meias responsabilidades.. dirigir, beber, transar.. trabalhar não, se possível {Não fugirei mais do assunto} 10, 9, 8 atleta, 7, 6, 5 artista.
Eu disse nada e tudo ao mesmo tempo, do mesmo modo que faziam as crianças quando tinham infância..
Ah ta, infância... O que é isso?

3 comentários:

  1. infelizmente essa é a realidade que vivemos nos dias de hoje, ótimo texto!

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  2. Cara eu curti esse teu artigo, tem muito sentido... ficou muito bom...

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  3. Agradeço muito a quem comentou e a quem vier a comentar futuramente!!!

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